No quadro, o jornalista pergunta se ela acha que o Stalin era gente fina e se Mao era um cara legal.
Ela ouve a pergunta com um sorriso cínico no rosto; está nervosa e visivelmente na defensiva; se prepara e responde: "Acho que foi um ciclo de morte e de guerra no mundo todo".
Pronto, um jornalista começa a aumentar o tom sobre o outro, uma outra moça interfere e o bate-boca tem início.
Manuela está certa: foi um ambiente de morte e de guerra generalizado. E, apegada a esse argumento, a esse sofisma pobre, ela se defende de uma pergunta que poderia, se o jornalista fosse minimamente capacitado, deixá-la de calças curtas.
Dai pra frente descambam a competir pelo prêmio de quem fala mais alto.
Numa entrevista para a Jovem Pan, uma jornalista pergunta ao Ciro Gomes: "Como você pretende pagar a dívida?", e ele responde: "Pagando". Ela insiste: "Mas como?", e ele tripudia: "Pagando".
E a conversa finaliza por ai.
O problema não é a má vontade dos nossos políticos, mas a absoluta ausência de preparo dos nossos jornalistas. Eles são incapazes de competir intelectualmente com gente que se ampara, há anos, em demagogia besta.
O jornalista não possui cultura, não detém conhecimento, não estudou de verdade; ele sobrevive daquela eterna tentativa (retirada do jornalismo americano) de conseguir a pegadinha e de provocar o embargo do pensamento do entrevistado.
Ele prepara a sua pergunta através de blogs da internet e, quando não consegue o que planeja na primeira resposta, nem sabe como dar seguimento à entrevista. Você percebe que o cérebro deles trava. Não dá para seguir.
Assistir a esses programas é pura perda de tempo, porque não há qualquer compromisso com lugar algum. Há duas partes: um que se protege com o sofisma e outro que goza com o flagrante. O resultado é sempre o mesmo: políticos altivos, certos da vitória, e jornalistas embaraçados e impotentes.
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