Taiguara Fernandes de Sousa - O vice possível:

Qualquer diagnóstico sobre o melhor vice para Bolsonaro deve antes considerar o que é concretamente possível. Isso, por sua vez, precisa atentar ao seguinte:

A) não há mais possibilidade de filiação partidária: o futuro vice já está aí, filiado ao seu partido desde antes de 07/04/2018, que foi o prazo final;

B ) a janela de tempo para escolha do vice e fechamento das coligações é até 05/08/2018, ou seja, em menos de 15 dias;

C) o vice não poderá mais vir de uma coligação com DEM, PR, PRB ou PSD, como se cogitou, pois esses partidos (apesar de divergências internas) fecharam com Alckmin;

D) ninguém poderá sair desses partidos e se filiar ao PSL para ser vice de Bolsonaro, pelo motivo do item 1.

Assim, não adianta tirar nomes da cartola. O futuro vice de Bolsonaro deverá vir dos quadros do próprio PSL, que é a opção restante após a inviabilização das coligações (salvo fato novo).

E a escolha de um vice deve considerar:

1) agregação: o vice deve demonstrar que o candidato a uma eleição majoritária se importa com os votos que ainda não tem. Magno Malta foi uma perda de tempo, a meu ver, pois Bolsonaro já tem todos os votos dele;

2) assimilação: por mais que o vice não concorde com o candidato em tudo, deve haver natural assimilação de tensões na chapa, justamente o que possibilita a agregação. Ver, por exemplo, Trump-Pence (o bilionário "bon vivant" e o católico campeão do conservadorismo);

3) segurança: o vice não pode ser alguém que esteja à espreita para o impeachment do cabeça. Isso exclui, naturalmente, as raposas velhas da política (vide Michel Temer) e os seus genéricos também. Um vice de posições tão fortes quanto o cabeça minora as chances de um impeachment, mas isso deve ser concatenado com os itens 1 e 2.

É no meio dessa tensão que se encontra o vice de Bolsonaro. Mas qualquer opção dentro desse escopo principiológico deve ser buscada entre as possibilidades reais que a legislação eleitoral e o contexto político impõem (v. itens "a", "b", "c" e "d").

Não há vice perfeito, como não há situação política perfeita para nós agora. Há o vice possível e ele está na intersecção dos dois grupos acima.

A essa altura, de nada adianta discutir cenários hipotéticos distantes e ignorar que em menos de 15 dias temos de ter um vice para que a chapa esteja formada.

O debate público nas redes sociais, que diferencia a candidatura de Bolsonaro desde o início, pode e deve continuar -- mas dentro de balizas REAIS e POSSÍVEIS.

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