A ideia é percorrer a pé 300 quilômetros durante os dois calorosos meses de verão limpando 30 praias e compartilhando sua experiência nas redes sociais para sensibilizar sobre a necessidade de preservar o meio ambiente.
Houij iniciou seu desafio no primeiro dia de julho na histórica cidade de Mahdia, situada 210 quilômetros ao sul da capital Túnis, onde 12 seguidores dele na rede o receberam entre aplausos e abraços com a câmera nas mãos.
"Não esperava esta reação. Há pessoas que me ajudaram a comprar parte do equipamento que eu jamais poderia bancar, como estas botas; algumas propuseram me acompanhar durante uma parte do itinerário e outras me convidaram para comer em suas casas", explicou à Agência Efe o promotor da ideia.
Houij contou que a ideia surgiu enquanto caminhava pela praia e se viu envolvido por todo aquele lixo que estava ao seu redor.
Não era uma situação nova, mas nesse dia algo lhe induziu a pensar que deveria fazer mais, afirmou. Nesse momento, este jovem formado em Engenharia Sanitária decidiu fazer uma pausa em sua vida e se dedicar à sua paixão: o meio ambiente.
"As pessoas, após décadas de ditadura, sentem que o espaço público não é de sua responsabilidade, e os serviços de limpeza recolhem o lixo durante a temporada turística, mas no resto do ano quase não prestam atenção nisso", comentou.
O resultado é uma camada de detritos que enche os primeiros metros de areia após serem expelidos pelo mar, sobretudo naquelas praias que ficam à margem do circuito turístico que o governo tunisiano tenta ressuscitar.
"Espero que as pessoas comecem a reagir. Costumamos dizer que é um problema do governo e que são eles que têm que solucioná-lo, mas a sociedade civil deve tomar o bastão. Comecei este caminho só, mas espero terminá-lo com pelo menos outras 300 pessoas que queiram imitá-lo", declarou.
Um desafio físico para o qual está há meses se preparando também no plano espiritual.
"Para mim, caminhar é uma espécie de tratamento. Calculo que caminharei entre 10 e 20 quilômetros diários, com 20 quilogramas de peso e com temperaturas que oscilam entre 30 e 45 graus. Isso te obriga a refletir sobre sua vida", afirmou com um sorriso.
Uma das fontes de inspiração que encontrou é o famoso romance "Na Natureza Selvagem", do escritor americano Jon Krakauer.
Um livro que conta a história baseada em fatos reais de Chris McCandless, um jovem americano que decide doar todas suas economias para viver livre nas montanhas do Alasca, longe do "veneno" da civilização.
E, como seu protagonista, Houij pretende se desfazer daquilo que não é essencial.
Carrega sua barraca, poucas peças de roupa, ferramentas de camping, caixa de primeiros socorros, barras energéticas, um cantil e uma bateria solar para carregar seu celular porque, embora viaje sozinho, compartilha cada um de seus passos com seus cerca de mil seguidores.
"O único luxo que me permiti é o meu violão, um luxo caro porque pesa cerca de 1,5 quilo, mas necessito compor e ao final do dia poderei tocar para relaxar um pouco", explicou.
Em um país no qual o turismo é uma das principais indústrias - representa 8% do PIB e neste ano espera cerca de 8 milhões de visitantes - a necessidade de que as praias estejam limpas não parece paradoxalmente uma preocupação urgente, nem para cidadãos e nem autoridades.
Após os primeiros 17 quilômetros, Houij compartilhou sua última localização através da sua conta no Facebook: a praia de Charaf, que em dialeto tunisiano significa "honra".
Agora é preciso instalar a barraca e começar a limpar antes que desapareça a última luz do dia. E convencer os compatriotas de que a limpeza é tarefa de todos e começa por nós mesmos, como o próprio ressaltou.
Natalia Román Morte
Com informações EFE
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