O corpo é pegajoso: expele uma cera com odor desagradável; certamente uma forma de defesa e preservação; até aí, nada de extraordinário sobre essa planta que nasce em várias partes da terra; mas no Nordeste, o muçambê tem uma importância social: é usado pelas REZADEIRAS no mister de curar doenças, principalmente de crianças. As rezadeiras do NE colhem um galho fresquinho do muçambê, e com a mão direita (não poderia ser a esquerda?) movimenta o galho tocando primeiramente na testa do doente, desce para o peito, vai no ombro esquerdo e depois no ombro direito, movimento que forma uma cruz; enquanto durar a REZA o movimento de CRUZ se repete; a rezadeira vai observando o comportamento do galho de muçambê, identificando o tipo de doença de acordo com o tempo que o galho leva para murchar, podendo secar em poucos minutos se a doença tiver origem em "coisa feita, botada" - feitiçaria; de acordo com o comportamento do galho da planta, a rezadeira sabe o sexo da pessoa que fez a bruxaria, mal olhado (olho grande), se a pessoa é jovem, ou velha, se é parente do doente, Etc.
As rezadeira curam diarreia (ou caganeira), bucho inchado, espinhela caída, dor de dente, dor de cabeça, ou em qualquer outra parte. O mais curioso das rezadeiras do NE é que elas empregam as rezas propagadas pela igreja católica, mas só vão à Igreja no Natal, ou no dia de Ano. Não sabem ler e portanto não têm acesso à Bíblia. Segundo as rezadeiras, existem as rezas PESADAS para tirar doenças causadas pelos espíritos maus; resta saber se as rezas teriam o mesmo efeito se não fosse o muçambê como instrumento de trabalho. Toda planta tem uma finalidade, no contexto da vida, mas usar muçambê como instrumento de cura psíquica não é natural.
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