O pecado capital da gula na Direita:

Você já se sentiu completamente perdido em sua vida? Sem rumo, as pessoas apenas reagem às ondas que lhe atacam em alto mar. Elas não sabem o que estão fazendo, não veem nenhum horizonte e, por isto mesmo, querem vencer todas as dificuldades que lhe aparecem, ao invés de seguir para o seu destino e deixar as ondas menores para trás.

Assim é o pecado da gula. Ele é representado pelo porco. O porco come tudo o que vê pela frente, o que está bom e o que está estragado, sem limites para parar de comer quando enche a pança. E a direita política está cometendo este vício mortal de novo e de novo sem parar.

Explico: sem um plano de ação, a direita está sempre reagindo raivosamente às iniciativas da esquerda, querendo proibir tudo, querendo parar tudo, e se deixando pautar pelos temas polêmicos que os inimigos jogam sobre ela. Enquanto os vermelhos agem com uma agenda a seguir (e com planos B, C, etc., caso a primeira agenda falhe), a direita apenas reage aos avanços desta agenda, que parece implacável.

O resultado deste tipo de cegueira a uma perda massiva de oportunidades e de recursos em ações que causam pouco impacto no inimigo. Além disto, sem um plano de ação, é impossível existir qualquer união, cada um age de acordo com os seus instintos e toda ação de maior magnitude fica impossibilitada. O nosso tempo está se esgotando – se a esquerda subir de novo ao poder, eles cortarão as nossas comunicações, nos deixarão no escuro. Seremos caçados como peixes em um aquário, as presas mais fáceis deste hemisfério.

Mas não vamos cair na maldição de Cassandra e apenas anunciar qual é a desgraça que está acontecendo. Como vencer este pecado capital? Como passar direto para os alvos primários? Como unir as nossas forças com um objetivo em comum de cada vez? Ainda existe saída para a donzela Liberdade?

Para vencer a gula, é necessário recorrer às artes medievais ligadas à Júpiter, o símbolo da gula. A primeira delas é a arte liberal da geometria. Desenhar é delimitar (de-LIMITAR), é dar uma forma definida, limitada, para cada objeto. É a arte de montar planos. “Dietas”, por assim dizer.

Falando em dieta, a arte mecânica ligada à Júpiter é a culinária. Ter receitas definidas, com um “passo-a-passo” de como chegar a determinado resultado, evita o caminho da exploração e do desperdício. A outra arte mecânica adicionada tardiamente ao planeta da gula é a arte cênica – decorar um roteiro e saber agir de acordo com ele para gerar a emoção de uma peça de teatro.

Todas estas artes apontam para a mesma cura da gula – ter (e seguir) um plano. Este plano indicará os meios de ação para um determinado objetivo. Existem, inclusive, muitos objetivos dentro da política, e escolher quais são os primários e quais são os opcionais é um passo importante deste planejamento.

MAS, calma. Tenha paciência. Antes de conseguir montar qualquer plano, reunir qualquer meio de ação, ou definir um objetivo, é necessário PRIMEIRO ter um mapa de aliados e inimigos prontinho para a análise. Isto é, todos os espectros políticos, todos os partidos, todos os políticos, todos os megafones sociais (escolas/universidades, mídias, editoras, igrejas, associações, etc.), todos os principais grupos de poder (megaempresários, militares, ambientalistas, etc.), enfim, todo e qualquer fator e grupo que possa influenciar nos votos da região.

Conhecer os seus valores e as suas pautas, conhecer as principais estratégias do inimigo, quais as suas forças (e fraquezas), quais assuntos influenciam o desbloqueio de outros e assim por diante – este é mais um mapeamento importante para este tal planejamento. Tudo tem que ser mapeado e bem estudado. Tudo!

Assim, com uma visão clara do campo de batalha, é possível começar planejar as ações que vão empurrar o cenário político em seu favor. Mas, antes disto, só o que pode existir é confusão, arrotos impotentes em redes sociais e impotência perante a força organizada.

Dou um exemplo para fechar a matéria: a nossa Constituição Federal. Muitos já estão falando que ela é nociva, um caminho aberto para o socialismo, que ela tem que ser derrubada. Ótimo, parabéns por ter percebido. Agora, qual seria a Constituição que protegesse os valores do povo brasileiro? Já existe um modelo para ser apresentado e defendido? Este novo modelo traria os mesmos problemas do antigo? Ele conseguiria eliminar a ameaça vermelha da nossa nação? Ou a fortaleceria?

Quais são os pontos em que a Constituição nos ajuda e em quais pontos ela nos atrapalha? Você já tem esta lista? Você já mapeou cirurgicamente o que está acontecendo para poder ter ações que gerem mudanças reais e positivas em nosso favor? Fazer o esforço de derrubar uma Constituição sem esclarecer estas perguntas (e muitas outras que evitei para encurtar a matéria), sob o custo de derramamento massivo de sangue, é, no mínimo, irresponsável. É, como o amigo leitor já deve ter entendido, pura gula.

Quem conhece a si mesmo e ao inimigo nunca perde uma batalha, garante Sun Tzu. Chegou a hora de fazer o “projeto genoma político” para a mudança ser real. Sem este mapa, como o feito pela Folha de São Paulo sobre o twitter*, fica muito difícil encontrar e reunir aliados, e classificar e atacar inimigos.

Agora sim, eu posso dizer: Happy hunting! Boa caçada, direitistas! E se lembrem de mim no banquete da vitória!

*Para acessar mapa da Folha de São Paulo de espectro político do twitter, clique aqui: https://temas.folha.uol.com.br/gps-ideologico/reta-ideologica/a-posicao-ideologica-de-mil-influenciadores-no-twitter.shtml.
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Renato Rabelo, 27, é pesquisador independente de inteligência militar, tradutor e aluno do Curso Online de Filosofia de Olavo de Carvalho.

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