O empresário ambicioso:

Imagine que você é um mega-empresário no Brasil. Neste país, com raríssimas exceções, para se conseguir isso é necessário se tornar parceiro, sócio ou irmão siamês de membros da oligarquia política que domina o país. Mas você fez tudo isso.

Pagou propinas e ainda paga. Comprou juízes e ainda compra. Sabotou carreiras, fez acordos espúrios e mergulhou numa lama fétida e nojenta. Está lá chafurdando até hoje e já nem percebe o cheiro ruim ou o aspecto desagradável.

As pessoas à sua volta não comentam nada porque só olham para a sua carteira.

Eis que você pensa que pode haver outra forma de poder mais direto. Lobbys são proibidos no Brasil. Que tal se candidatar? Bem legal. Mas aí você seria apenas mais um num mundo onde são necessárias algumas centenas para fazer a diferença.

Ora, já que os partidos políticos no Brasil não querem dizer nada e estão sempre à venda, você bola um plano brilhante.

Junto com mais alguns empresários amigos você cria um "movimento". Mas não será um movimento político. Será um movimento para "democratizar" a política. Sim, este é um termo bonitinho. Vamos ajudar o país a ficar mais democrático e essa democracia vai significar monopólio e muita grana e poder para nosso clube. Ainda mais grana e poder. 

Então o movimento é criado, usando uma intrincada rede de apoiadores, inspirado no esquema daquele milionário Soros. A grana vem de todos os lados, desde ONGs estrangeiras até instituições de fomento das mais variadas. Mas é sempre dinheiro de poucos financiadores que se revezam nessas instituições.

Você organiza um segundo escalão de qualidade, com pessoas cheias de certificações e que se dedicarão a angariar ainda mais títulos. Essas pessoas são sua propriedade, de corpo e alma.

A tarefa delas é cooptar novos players do jogo político e seduzí-los com cursos no exterior, treinamentos, prestígio em eventos e palestras. Toda essa purpurina quase consegue disfarçar o cheiro de esgoto que o persegue. A lama você esconde sob o terno Armani.

Para não ficar evidente a sua intenção de tomada de poder você inclui nos quadros alguns conservadores inocentes e bem-intencionados para dar credibilidade. Sim! Ótima idéia. Mas tem que ser poucos pois a sua agenda é totalmente oposta à deles, claro.

Em poucos anos você terá uma bancada distribuída por vários partidos, de difícil rastreamento, financiada pelas suas empresas de forma obscurecida, driblando as restrições legais e poderá mandar no país através da política.

Mesmo com lobbys proibidos no Brasil. Mesmo com financiamento empresarial proibido.

Faltou proibirem a canalhice. É o crime perfeito. E nem está previsto como crime.

Parabéns.  Agora só falta conseguir remover a lama e o cheiro. Mas não tem problema, em breve todo mundo se habitua mesmo. Basta pagar bem.

Eduardo Vieira 

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