Lockdown (horizontal) no Brasil - "É um cálculo de vidas x vidas":

Eu estou conversando com empresários desde que isso começou. Sobretudo PME

Antes dessa semana, eu tinha uma posição sobre lockdown (horizontal). Não queria saber, queria fechar tudo e esperar o mal passar. Achava que estava assim preservando vidas.

Não estava.

Todas as PME que falei vão demitir MUITA GENTE nos próximos 15 dias se o fechamento continuar. Várias delas não vão ter dinheiro para pagar o barraco na favela, que não pode ser protegido por cláusulas de contrato. Várias delas serão despejadas cedo ou tarde.

A demissão delas vai provocar demissões em cadeia. Não vão pagar a escolinha de bairro, que vai demitir professores, que vão parar de pagar outras pessoas e empresas e por aí vai.

Essas pessoas vão para uma seguridade social arregaçada, que custa muito dinheiro e tempo estruturar. E demanda competência de dirigentes que nunca foram capazes de responder nem em condições normais de pressão e temperatura.

Um país que chega a 40% de desemprego em 4 meses não vai ter outro cenário social que não fome, subnutrição, criminalidade em alta, menos impostos para sustentar o Estado e todas as outras mortes associadas a esse tipo de calamidade.

Lockdown (horizontal) NÃO É uma opção por aqui. Temos de fazer as contas como se isso não fosse uma opção. Colocar a cabeça para trabalhar regimes e soluções de isolamento para cuidar de grupos vulneráveis. Ainda não há notícia da doença devastando um único asilo, porque entrada e saída podem ser controlados.

Essa resposta vai ter que ser rápida.

Não é uma questão de cálculo econômico x cálculo de vidas. Ponham isso na cabeça. É um cálculo de vidas x vidas. É um cálculo horrível, que envolve riscos tremendos, mas que vai ter que ser feito.

O tempo está contra nós nesse exato momento.

Eduardo Matos de Alencar.

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