Relógio da mortandade, só não presumam ingenuidade:

Imaginem dois relógios de contagem regressiva para o caos, um que conta a quebradeira geral, outro que conta mortandade.

Bolsonaro está lidando com o relógio da mortandade, os governadores, da quebradeira (que também vira mortandade, diga-se).

Qual é o que tem menos margem para tomada de decisões? O que eu vi essa semana é o da quebradeira. Ele já começou a contar AGORA. E muito, muito rápido.

O que Bolsonaro fez ontem? Pegou esse relógio e jogou todinho na conta dos governadores e prefeitos. Se não reabrirem até o final dessa semana, vão ter a conta no colo deles, de toda forma.

Ou seja, é tudo uma questão de quem tem mais gordura para queimar. E uma aposta de projeção de que, no final das contas, o número de mortes no país pode ficar menor do que nos locais de maior calamidade na Europa.

O relatório vazado da Abin projetou 5 mil. Esse número colocaria o Brasil atrás da Itália e da Espanha. Todo o jogo político da saúde pública no mundo virou, para quem pensa cinicamente, o esforço de não ficar na pior posição, mas também de não precisar ficar na melhor, já que ganhar, nesse campo (mortes por COVID-19), pode ser perder no outro (emprego, pobreza, miséria).

Para mim, foi isso que fez. Do jeito doido dele se comunicar, mas que já nem importa mais debater sobre eficácia, desde o início das eleições.

Truco.

A ver quem ganha a aposta agora. Só não presumam ingenuidade.

Eduardo Matos de Alencar

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