Mal maior:


Ontem, assim que abri o Facebook, a primeira postagem que eu li, foi a de um professor da faculdade onde me formei. Ele dizia que ao sair de casa, nas suas proximidades, havia encontrado com um carro cheio de manifestantes de camisa verde amarela, e que tinha mais medo "daquela gente" do que do Corona vírus. Seus alunos ao comentar, endossavam sua crítica "daquela gente" e complementavam ela com mais alguns adjetivos interessantes.

Segundo ele, por efeito daquela manifestação, ficaríamos com a doença por mais tempo no país, e sua erradicação teria problemas graças a irresponsabilidade daquelas pessoas, que avisadas de uma possível quarentena, saíram para apoiar o governo federal e suas pautas para diminuir a corrupção. 

Nunca tive nada contra este professor. Pelo contrário, existia um processo de admiração mútua, onde apesar de termos perspectivas opostas, sempre debatiamos de forma clara, objetiva e sincera, os contra-pontos que tínhamos em relação ao sistema e a sociedade em geral. 

Mas ao ler isso, na sua página, me decepcionei. Talvez, a arrogância e desconectividade com o lado oposto o tenha cegado, a ponto de não mais encontrar na empatia, um ponto de referência para dialogar e construir alguma visão sólida, baseadas na equação onde se tem o resultado do que achamos, do que o que os outros acham.  

Praias cheias, metrô lotado, estádios de futebol  até a tampa e shows de todo tipo de coisa, mas a culpa da proliferação do vírus é da manifestação.

Não que o Corona não seja um perigo real, ou que não necessite de cuidados para sua prevenção. Quem viu as postagens anteriores viu que advertimos amigos, e até tentamos pedir para mudar a data, mas aquelas pessoas que estavam ali "aquela gente", como ele disse, estava lutando por mais leitos nos hospitais. Por menos desvios, por menos fraudes nas licitações. Aceitaram o risco, porque entendem que a corrupção é um mal absolutamente maior que o Corona. 

E eu concordo com eles.

Victor Vonn Serran

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