Não conhecem o povo, mas passarão a conhecê-lo:


Eu rodei o subúrbio hoje (30 de março) em Recife. E talvez, se tivesse repetido a dose em São Paulo, poderia comprovar com mais precisão.

Porém, não é cedo pra presumir o óbvio. O isolamento, a quarentena, é uma farsa. Farsa total. Não importa quantos decretos baixem os governadores.

O pobre roda o dia na rua para descolar algum dinheiro. Nunca foi acostumado a operar com reserva, nem a tem. O que descola no dia compra no dia, no mercadinho do subúrbio, que, por suposto, não pode fechar.

Quem não está na rua para tentar fazer algum dinheiro, está na atividade para arrumar doação de feijão, arroz ou qualquer alimento para sua casa.

Fila de gente apinhada para comprar pão, queijo, um naco de mortadela, um pedaço de charque. Funcionários sem proteção. O mercadinho lotado sem regra nenhuma de funcionamento, porque sem regra ele foi concebido para funcionar.

E quem aguenta quarentena, o dia inteiro em casa, morando num barraco empestado, de um único cômodo, com 5, 6 pessoas, que mal servia para dormir durante a noite? O pobre está na rua, reunido em grupos aqui e ali, porque ficar em casa, para ele, não é opção. Você não aguentaria. Ele não aguenta.

Entretanto, essa mesma farsa, que é um ambiente de contágio absoluto, está matando gente de fome. O mercadinho funciona, mas a barraquinha, a lojinha, não. O vendedor ambulante não tem mais a turma do sinal para vender mercadoria, nada. O dinheiro circula escasso. A clientela é pouca demais.

O isolamento absoluto é uma farsa de televisão, vendida com todo o requinte pelos mesmos ricaços que trouxeram esta merda para o país, em vôos internacionais. Os mesmos que, agora, negam ao pobre o direito de subsistência, mesmo que seja para ele receber de troco a doença, ao fim e ao cabo.

Querem ficar falando para as pessoas ficarem em casa? Fiquem. Podem perder a goela de gritar. Será em vão. F...-se. Vocês não conhecem a merda do país que vivem. Não conhecem a merda do próprio povo. Vão conhecê-lo agora, na impossibilidade do cumprimento de decretos draconianos, em todas as consequências do dirigismo mais imbecil.

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