A covid-19 a partir da Mitologia:

Deimos e Fobos eram divindades do panteão grego, filhos de Ares, o deus da guerra, e de Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Deimos é o deus do pânico; Fobos, o do medo. Os dois precediam o pai antes de começar a carnificina das batalhas. O medo paralisa; o pânico impele à fuga alucinada, aos gritos histéricos. E vejam que Deimos, ao fazer gritarem e desesperarem-se suas presas,  ajudava a engrossar o contigente de vítimas do irmão Fobo, ainda mais quedas e temerosas frente à gritaria ou às cenas de debandada louca provocadas por Deimos. E isso tudo antes mesmo de o babado forte começar!

Os agraciados por Ares seriam benefiados, já nos pródromos da batalha, com a ajuda dos filhos desse deus implacável, a caírem sobre as hostes adversárias: imobilizados por Fobos ou enlouquecidos por Deimos, os inimigos seriam  alvos fáceis de lâminas afiadas ou dardos velozes. Aqueles aos quais Fobos e Deimos não conseguiram dobrar serviriam de repasto à fúria de Ares, já em pleno combate: o deus recusava ocupar-se da ralé receosa ou tresloucada.

Certamente, o número de vítimas entre aqueles que não se rendiam a Deimos e Fobos era menor, pois alguns conseguiam sair vivos, graças à própria força e ao uso das lanças e lâminas. E ainda provocavam baixas no exército inimigo, enquanto os medrosos e os desesperados eram apenas... baixas!

Uma tríade facínora, mas arguta:  Fobos (os governantes sequazes da OMS, mandando todos ficarem quietos), Deimos (a mídia, regurgitando números apavorantes), Ares (o vírus, fazendo bem menos vítimas do que as mortas pelo medo, irmão gêmeo da histeria a bradar números macabros).

Mas a mitologia grega, ao ocupar-se da guerra,  não restringe o domínio dessa fatal atividade ao império de Ares e seus filhos odiosos. A deusa grega da sabedoria é também uma deusa guerreira. Sim, Atena, nascida já todo armada da cabeça de Zeus, o senhor do luminoso Olimpo, é o contraponto aos desatinos provocados pelo medo e pelo pânico frente à inevitabilidade do combate. De sangue frio, a deusa dos olhos garços aconselha os guerreiros, acalma ânimos excessivos, adverte para a necessidade de não se exasperar diante de silêncios tenebrosos ou gritarias apavorantes. A deusa ensina a contenção, mas incute a imprescindibilidade da presteza ao primeiro sinal de alerta. Ela sabe dos estratégicos estardalhaços ou induções psicológicas tão caras a Ares. 

Ela ensinou a Ulisses a adentrar na inexpugnável Tróia no bojo de um cavalo, tudo sem barulho, tudo a parecer dádiva e não fator de ruína. Porém, uma vez dentro dos muros, os gregos não contiveram brados de cólera. Ela advertiu o mesmo Ulisses do canto das sereias, ao qual se enfrenta calado, tapando-se os ouvidos dos subordinados e amarrando-se ao mastro de uma nau bem-equipada. Assim vemos que Atena não desdenhou do poder do brado guerreiro. Já saiu dando um logo ao nascer. O grito guerreiro se dá de imediato, mas no momento oportuno, e não como mero estardalhaço fora de hora.

Aprendamos a arte da guerra com a deusa nascida sábia e armada. Previnamo-nos, sabendo-os, dos estratagemas de Ares. Mas utilizemo-nos da sabedoria que não despreza armas nem se enlanguesce com os nectares do pacifismo. Atena também significa que a sabedoria é guerreira, e que a guerra pode ser sábia. Tolos são os pacifistas: presas fáceis de Fobos e de Deimos, assim que Ares decretar o morticínio! 

Medrosos e desarmados, gritarão cedo ou tarde demais, e o seu berro, de qualquer forma, ser-lhes-á fatídico na ocasião.

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