O Rei mandou avisarRecolhido da boca do povo por Charles Perrault, nos tempos de Louis XVI para entreter a ociosa corte, o conto o Gato de Botas narra as aventuras de um caçula que herda apenas um gato muito esperto. O direito de primogenitura determina que apenas o filho mais velho herde as posses e o título do pai, o segundo herda muito pouco ou parte em aventuras pelo mundo. Quem herda, herda. Quem não herda, fica na mesma.
Tra-lalalá lalalá
Que tudo agora pertence
Ao Marquês de Carabás...
Mas não foi o que ocorreu com o jovem que herdou o gato.
O Gato ganha um par de botas, artigo caro naqueles tempos, e diz a seu amo que tudo se resolveria e que ele seria o próximo rei, pois se casaria com a princesa. Como? "Deixa comigo", diz o felino.
Do alto de suas botas, o Gato passa por todas as terras alardeando que o Rei mandou avisar que tudo agora pertence ao Marquês de Carabás. Depois, o gato vai ter com o rei e informa que seu amo quer a mão da princesa. O rei, que nunca ouvira falar do tal marquês, percorre todas as terras indagando a quem elas pertencem para confirmar a história do gato. E todo o povo responde: ao Marquês de Carabás.
Vendo que se tratava de um bom partido para a princesa, o rei permite o casamento. Os jovens se casam e vivem felizes para sempre. Um dia, o jovem que tinha apenas um gato, torna-se rei.
Como toda história retirada das profundezas da Idade Média, faltam pedaços. Como assim, um gato usar botas? Era mesmo um gato? Algo se perdeu na tradução ou na transmissão? Há muitas questões sem respostas, mas o essencial permanece:
Solte um aviso por todas as terras e todo mundo repetirá sem questionar sua veracidade. Basta que quem a diga use um par de botas que lhe confira importância. Ou títulos e microfones.
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