Justa lembrança, homenagem à Branca Alves

Branca Alves de Lima, nascida em 1911 e falecida em 2001, aos 91 anos, foi a criadora da cartilha Caminho Suave, que em mais de meio século alfabetizou mais de 48 milhões de brasileiros, inclusive o atual Presidente da República, Jair Bolsonaro (o professor e blogueiro também).

A professora, que nasceu, viveu e faleceu em São Paulo era filha de Manuel Silveira Lima e Isaura Alves de Lima.

Em uma entrevista dada em 1967, Branca Alves demonstrou preocupação com o processo de alfabetização, iniciado nos anos 20, quando frequentou a Escola Normal, designação de unidades públicas de ensino. Antes mesmo de concluir o curso, em 1929, já lecionando: “Na Escola eu aprendi a ensinar pelo método analítico puro – hoje chamado global – e, em 1931, ingressei no magistério público e apliquei este método por cinco anos. Mas foi uma decepção; não tive os resultados esperados. Então resolvi ir modificando, por baixo do pano, passando a usar o analítico sintético, mas partindo da palavra (O Estado de São Paulo, 20 de agosto de 1967, p. 19)”.

Com o diploma de normalista em mãos, aos dezenove anos, Branca iniciou sua jornada em escolas no interior de São Paulo. Em entrevista dada ao jornal O Estado de São Paulo, no ano de 1991, registrou que iniciou sua carreira profissional em uma escola rural de Jaboticabal, pois naquela época, segundo ela, no início da carreira era preciso lecionar, no mínimo, um ano na zona rural e aprovar, alfabetizando, no mínimo quinze alunos, para depois poder dar aulas em uma classe de uma boa escola urbana. Aparentemente, pelos dados obtidos, Branca passou bem mais que o tempo mínimo exigido. A mesma matéria registrou que deu aulas em vários grupos escolares no interior do estado e que, por onde passou, se preocupava com a dificuldade dos alunos em aprender a ler, o que ocasionava um índice elevado de reprovação. No ano de 1936, com vinte e cinco anos, a jovem professora lecionava em um grupo escolar de São José do Rio Preto, onde iniciou experiências de alfabetização com imagens associadas às sílabas, obtendo bons resultados.
O método analítico, também conhecido como “método olhar-e-dizer”, defende que a leitura é um ato global e audiovisual. Partindo deste princípio, os seguidores do método começam a trabalhar a partir de unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança parte da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas.


O método proposto por Branca Alves de Lima associa imagens e letras com o objetivo de facilitar o aprendizado. A letra A é escrita no corpo de uma abelha, a B na barriga de um bebê, a V compõe os chifres de uma vaca. Assim, a cartilha Caminho Suave tornou-se conhecida como um
 método de “alfabetização pela imagem”.


Com parte da publicação com texto de Nelson Valente, professor universitário, jornalista e escritor.

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