Em 2016, ou seja, vinte e um anos depois, a cultura de conteúdo de direita (se assim podemos dizer) mudou potencialmente, os meios de acesso são outros, os conteúdos estão em vídeos, aulas, livros, apostilas, novos autores e velhos desconhecidos até então foram colocados à disposição, porque alguns resistiram durante a travessia perigosa do ambiente cultural gramsciano e marcuseano dominante na década de 90.
Nos dois ciclos culturais da direita, a palavra comum dos intelectuais era: “estudar”. O que significa montar uma base e ambiente saudável para que as ideias e objetivos pudessem ser concretizados. Toda civilização foi construída dessa forma: estudo, e depois ação política.
Contudo, a imaginação revolucionária tomou conta dos direitistas adotando de forma automática a lição de Marx - “A vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a sua solução racional na práxis humana e no compreender desta práxis; e os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.”. Com isso, Marx pretende que a ação mude o comportamento, ou seja, não é algo interno e de convicção (suprassensível), mas sim de imposição e adequação ao sensível. O resultado é o apego às paixões desordenadas, e com isso, a construção do ambiente social caótico, fruto venenoso da ignorância.
Em 2022, ou seja, em seis anos, encontramos mais pretensos políticos de direita (novos salvadores da pátria e dos bons costumes!) que grupos de estudo, que fóruns de debates, de artigos científicos, professores qualificados, jornalistas sérios e comprometidos com a profissão. E o mais interessante, todos alinhados a partidos que até pouco eram inimigos dos valores consolidadores do conservadorismo ou liberalismo.
A sedução da práxis, sem base, tomou conta dos agentes de ação do direitismo. Teremos políticos sem cultura numa sociedade dominada pela cultura esquerdista (gramsciana e marcuseana) e sem meios de ação reais. Apenas quando a base for consolidada é que teremos meios de ação. O ensinamento da estátua de Nabucodonosor, em que o futuro da política de direita é representado pelos pés da estátua (de barro), assim se apresenta o Brasil: frigir dos ovos, voltamos à estaca zero...
0 Comentários