Sabotagem da vida intelectual, mais forte que um mandamento







Passaram-se 200 anos que o brasileiro médio não comprava livros. Quando mal começa a comprar: "Ain, comprar muitos livros é..." segue uma ladainha contra o número de livros, por postar livros, por comentar traduções e edições, etc.

Eu entendo aqueles jumentos que adoram criticar estas pessoas que buscam uma vida intelectual, é um misto de inveja e sentimento doentio de inferioridade, mas pessoas intelectualizadas criticando quem compra livros? Que p... é essa?

Mesmo que a pessoa seja um comprador compulsivo, alguém no círculo de vizinhança será beneficiado, sem esquecer que para outros ele será um exemplo.

É incrível como neste país a sabotagem contra a vida intelectual é institucionalizado na mentalidade geral. É mais forte que um mandamento divino.

Deixe pelo menos passar uns 200 anos de gente comprando compulsivamente livros para, aí sim, ser de vida eterna, você compartilhar sua importantíssima crítica. Até lá, fica calado.

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A cultura brasileira, no sentido antropológico da expressão, é eivada de sabotagens, armadilhas, comportamentos e sentimentos padronizados contra a busca da verdade e a genuína vida intelectual. Se não bastasse todos os perrengues que esta vida exige, sem esquecer do alto risco espiritual e mental desta empreitada, o Brasil ainda oferece um sem número de adversidades, obstáculos e desafios de cunho social, religioso e psíquico que são inimagináveis em outros povos e culturas. Se o indivíduo também está na direita, pu..., o desafio é dobrado ou triplicado.

Por isso, eu só incapaz de levar a sério meio mundo de cursos de introdução à vida intelectual ou temas correlatos que surgiram às centenas nos últimos anos. Praticamente todos, com exceção de uns três, passam por cima deste problema inescapável. Ignoram de tal forma que parecem estar oferecendo suas sabedorias como se o indivíduo estivesse mergulhado em uma Atenas na época de Platão ou em uma universidade recém inaugurada na baixa Idade Média ou na Viena no final da belle époque.

E se as palavras deste ilustre desconhecido não conseguem sequer brotar uma coceirinha em sua cachola a respeito deste assunto, então sou obrigado a lembrar que em todos os cursos, livros e palestras o professor Olavo não apenas fazia alusão a este nosso problema antropológico como tomava-os como ponto de partida das suas investigações filosóficas. E sua milhares de aula gravadas e transcritas são testemunhas disso.

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Não se esqueça que há males que são supra ideológicos, por exemplo, como a histeria e a aversão à vida intelectual.
Sobre este último, na esquerda, há pesos e contrapesos. Por força da tradição do movimento revolucionário, o intelectual ainda goza de prestígio e incentivo. Na direita, ele é sumariamente esquecido e menosprezado.

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