É mais fácil compreender a mente de um gênio que a de um idiota. Se a do gênio, por mais complexa e rica que seja, orbita sempre em direção a algum princípio de unidade, fazendo dele um gênio precisamente por isso, a do IDIOTA CARECE de qualquer articulação de CONJUNTO, perdendo-se numa POEIRA DE IMPRESSÕES inconexas que, não podendo ser explicadas umas pelas outras, têm de ser enfocadas uma a uma, isoladamente, e referidas tão-somente a estados externos fortuitos e transitórios que deixaram sua marca acidental numa mente fútil cuja única atividade consiste em borboletear.
Se há biografias que nos fazem por vezes vislumbrar a unidade íntima da alma de um Goethe, de um Napoleão Bonaparte, de um Beethoven, de um T. S. Eliot ou de um William Faulkner, nenhum estudioso de vidas humanas logrou jamais delinear com igual precisão a alma de um idiota, pelo simples fato de que ela não tem delineamento nenhum e é apenas uma coleção de resíduos deixados por acontecimentos de toda sorte, como uma espécie de imagem fragmentada do caos, uma poeira de ninharias.
Via Tributo a Olavo de Carvalho
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