Há amigos, mas estes nunca visitam, ou melhor, suas visitas nunca são permitidas, por não levarem a sério o suficiente o que dizem e poderem atrapalhar o crescimento dos meninos. As crianças não têm acesso absolutamente nenhum à internet, passam o dia a estudar e a brincar com a mãe, que se sacrificou e se sacrifica todos os dias, com uma ternura que só pode vir dos céus.
O pai também dá atenção às crianças, mas sua preocupação maior é em manter o estado de coisas material conquistado com o seu trabalho, enquanto sua mulher cuida do espírito da prole. Chega a um certo ponto no crescimento dos meninos que amizades fariam bem, mas Pablo se vê perturbado, porque sabe que a introdução desses novos elementos pode ser muito problemática, uma vez que todos os filhos de 10 anos de seus amigos têm celular.
Basicamente, está chegando a hora de jogar seus filhos, Emília e Jonas, numa sopa de veneno e orar para que eles sobrevivam; ou então, mantê-los para sempre em cativeiro, torná-los monges involuntários.
Rafael Vicari, 31 de janeiro de 2024, Jarinu – SP.
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